segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Baixa produtividade se combate com educação (Low productivity is combated with education)!


José Pastore lecionou na USP e foi chefe da assessoria técnica do Ministério do Trabalho
Ao longo de mais de quatro décadas de produção ininterrupta, o sociólogo José Pastore firmou-se como um dos maiores nomes das relações de trabalho, emprego e recursos humanos no Brasil.

Pastore lecionou na Faculdade de Economia da USP, foi chefe da assessoria técnica do Ministério do Trabalho e fez parte do Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT).


Atualmente é presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomercio-SP. Na entrevista a seguir, Pastore discorre sobre a baixa produtividade brasileira e possíveis soluções para um dos maiores gargalos da economia do país.



BBC Brasil - Qual é a relação entre produtividade e economia?


José Pastore - A relação entre produtividade e economia é direta e indireta. O impacto direto acontece quando um trabalho mal feito por causa da baixa qualificação resulta em um produto de má qualidade, que, por sua vez, perde preço no mercado ou até mesmo seu próprio mercado. Já o efeito indireto ocorre quando, por exemplo, a produtividade cai e o salário cresce. Isso cria um dilema para a empresa. Ou ela passa esse diferencial para os preços ou tira do lucro. Nos dois casos, há prejuízo para a economia. No primeiro caso, porque gera inflação e no segundo porque reduz as taxas de investimento.



BBC Brasil - Por que a produtividade do trabalhador brasileiro ainda é tão baixa?



José Pastore - Há vários fatores que interferem na produtividade dos trabalhadores, como tecnologia, gestão e ambiente de trabalho. Mas a qualificação do trabalhador é, sem dúvida, um dos mais importantes. Essa qualificação é sustentada pela educação. A qualidade do ensino brasileiro ainda é muito precária quando comparada à dos países mais avançados. Aliado a problemas de tecnologia e gestão de empresas, o resultado final é um baixíssimo nível de produtividade e eficiência do nosso trabalhador, em média.



BBC Brasil - A baixa produtividade explica o mau desempenho da economia brasileira nos últimos meses?



José Pastore - A desaceleração é produto de uma série de distorções que temos na nossa economia. Temos um problema tributário muito sério, uma infraestrutura muito frágil, um sistema regulatório muito inseguro e um cipoal trabalhista que complica bastante a contratação do trabalho. Tudo isso interfere negativamente naquilo que é o resultado final de um ano de trabalho em uma economia. Mas a produtividade também pesa.



BBC Brasil - O incentivo à formação técnica seria um dos meios para aumentar a nossa produtividade?



José Pastore - Sim, mas não acredito que a solução esteja unicamente na formação técnica. A formação técnica só vai ter sucesso se a formação básica for de melhor qualidade. Não basta escola que venha adestrar porque não basta ser adestrado. É preciso ser bem educado. Em última análise, o que nós precisamos na educação básica é de uma escola que seja capaz de ensinar às crianças não a passar no exame, mas a pensar. A criança que sabe pensar é um excelente aluno para a educação técnica. Aquele que não sabe, vai dar muito trabalho.


BBC Brasil - O Pronatec é um dos maiores trunfos do atual governo. Qual é a sua avaliação sobre o programa?



José Pastore - É um excelente programa; está muito bem estruturado. As metas são ousadas. Mas precisamos esperar um pouco mais para avaliar se a mecânica atual está gerando o resultado esperado.


BBC Brasil - A chave para melhorar a nossa produtividade seria, então, investir maciçamente na educação?



José Pastore - Eu diria que a chave é investir maciçamente em boa educação. Tanto básica quanto secundária. É isso que faz a diferença. Hoje em dia, não se conta mais a eficiência econômica de um indivíduo pelo número de anos que ela passou na escola. O que conta mesmo é o que ela aprendeu durante o período escolar. Hoje, o mercado não busca o diploma, o currículo ou uma escola renomada, mas pessoas que saibam pensar adequadamente, que tenham bons textos e lógica de raciocínio, que sejam capazes de transformar informações em conhecimento prático, que saibam trabalhar em grupo, que conheçam bem a sua profissão. Tudo isso depende de uma educação básica e secundária de boa qualidade.

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