sábado, 13 de setembro de 2014

Estudantes do interior do Ceará criam reator de biodiesel sem uso de eletricidade por R$ 80

Processo foi feito com a adaptação de corote, recipiente utilizado por caminhoneiros para armazenar água e são produzidos 19 L de biodiesel e 5 L de glicerina



Antes do experimento dos alunos, o reator mais barato do mercado custava R$ 3 mil (FOTO: Arquivo pessoal/Ricardo Fonseca)

Não saber o que fazer com o óleo de frituras depois de utilizado é um problema que atinge a população, já que as consequências de seu descarte causam danos ao Meio Ambiente. Mas você sabia que o resíduo – que constantemente é despejado em rios, no solo e nas redes de tubulações – é uma excelente matéria-prima para a produção de biodiesel?

Com um reservatório de água para caminhão, vassoura, polia, madeira, garrafa plástica e muita força de vontade, estudantes do Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia (IFCE) resolveram criar um reator de baixo custo para produzir biodiesel. A ideia surgiu há cerca de três anos e está fazendo a diferença em Juazeiro do Norte, a 535 quilômetros de Fortaleza.

A iniciativa começou a partir de pesquisa feita pelos próprios alunos na Região do Cariri. “Queríamos saber a quantidade de óleo que os moradores da Zona Rural usavam por mês, se descartavam muito e como era feito o descarte. Até que surgiu a iniciativa de produzirmos biodiesel a partir desse óleo”, explica Allana Lucena, de 18 anos, estudante de Eletrotécnica do instituto.

Primeiro, decidiram reciclar o óleo de cozinha, utilizado diariamente por agricultores, para produzir biodiesel, glicerina e sabão. Transformar óleo em biodiesel não é mais “novidade”, segundo a aluna. Mas, obter glicerina, bastante usada para produção de cosméticos, e sabão a partir dos resíduos liberados após a transformação do óleo, e o baixo custo do equipamento são os diferenciais do projeto.

“Buscando possibilitar que qualquer pessoa possa reciclar o óleo comestível usado, produzindo seu próprio biodiesel, foi arquitetado um reator de baixo custo e de fácil implantação”, diz o professor do IFCE, Ricardo Fonseca.

O processo foi feito com a adaptação de um corote, recipiente utilizado pelos caminhoneiros para armazenar água, junto a materiais simples, como polia, vassoura, madeira e garrafa de plástico. O corote é colocado de pé, as torneiras de ferro do recipiente são adaptadas para retirar a glicerina e o sabão, e o reator funciona por atrito, sem a necessidade de energia elétrica. São produzidos 19 L de biodiesel e 5 L de glicerina por batelada. O custo: apenas R$ 80.

“O reator mais barato do mercado custava R$ 3 mil e só produzia 1 L de biodiesel, com a necessidade ainda de energia elétrica para funcionar. O nosso não usa eletricidade, ou seja, pode ser usado em qualquer lugar. Na reação química é obtida como subproduto a glicerina, e os resíduos gerados ainda são adicionados à produção do sabão”, comemora Allana. De acordo com o professor, no primeiro uso já é possível obter lucro. Vendendo os 19 L de biodiesel a R$ 40 e os 5L de glicerina a R$ 50, rende R$ 90. Pelo menos R$ 10 de lucro logo na primeira utilização.

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ESTUDANTES CRIAM REATOR DE BIODIESEL

O reator de biodiesel custa aproximadamente R$ 80, e não necessita de eletricidade para funcionar (FOTO: Arquivo pessoal/Ricardo Fonseca)

O projeto foi aprovado para participar de evento na capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi, e da I-SWEEEP, feira internacional para projetos de sustentabilidade realizada no Texas. “Deixando de jogar óleo no Meio Ambiente, diminui a quantidade de gases poluentes do diesel comum na atmosfera e ainda fomenta o povo que tem necessidade de grana a poder fazer o reator e acumular o óleo. Ganha todo mundo”, finaliza Ricardo.

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