segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Decisão sobre proibição de sacolas plásticas deve ser pautada pela ciência, não por achismo (La decisión de prohibir el uso de bolsas de plástico debe estar guiada por la ciencia, no usar "yo pienso"/A court ruling banning the use of plastic bags should be guided by science, not using "I think")



A polêmica sobre a proibição do uso de sacolas plásticas retorna.
[La controversia sobre la prohibición de las bolsas de plástico retornos/
The banning of plastic bags controversy returns].
Imagens: Divulgação.

A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, considerando constitucional a lei que proíbe a distribuição gratuita e a venda de sacolas plásticas a para consumidores em todos os estabelecimentos comerciais do município de São Paulo, trouxe novamente o debate sobre seus impactos ambientais, sociais e econômicos.

Nesse fogo cruzado está o consumidor que, enquanto a decisão final não é tomada, fica sem saber o que fazer. Mas, qual a melhor opção? Usar ou proibir? Seja qual for a decisão, a ciência deve ter papel fundamental nisso.

Conhecemos alguns dos impactos ambientais do produto, como o tempo de decomposição do material e sua capacidade de ser 100% reciclado. Segundo dados do Pró-teste, por exemplo, as sacolas plásticas duram 200 anos quando soterradas no lixo.

Impacto que, se multiplicado pelas 1,5 milhão de sacolas distribuídas por hora no Brasil, segundo a campanha Saco é um Saco, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), nos dá uma ideia do potencial. Não menos importante está a questão econômica sobre o impacto da nova proibição que recairá sobre o setor de embalagens plásticas.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), a proibição de sacolas plásticas em São Paulo deixaria aproximadamente três mil pessoas sem emprego. Além disso, as sacolas representam 5% do faturamento da indústria do plástico na cidade, representando cerca de R$ 72 milhões por ano.

Mas, quem deve pagar a conta pela proibição? Ao proibir a distribuição gratuita e venda de sacolas plásticas para consumidores em todos os estabelecimentos comerciais do município de São Paul,o o paulistano não poderá mais descartar seu lixo doméstico nas sacolinhas.

Segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o custo mensal das famílias brasileiras aumentaria quase 150%, ficando próximo aos gastos com itens como arroz e feijão, caso o cidadão precise comprar sacos plásticos para descartar seu lixo doméstico e transportar suas compras.

As empresas devem buscar processos e produtos cada vez mais sustentáveis, gerando valor para sua marca e beneficiando a sociedade. Esta, por sua vez, tem papel fundamental em outra etapa importante: o uso e o descarte. Uso que deve passar por uma decisão de compra que considera critérios da sustentabilidade, e o descarte que precisa se tornar adequado, preferencialmente para o início de um novo ciclo através da reciclagem ou o reuso do material.

Os dados sociais, econômicos e ambientais precisam ser colocados na balança para se apresentar a alternativa de embalagem que mais concilia os três fatores. Quem fará isso? Ferramentas já propiciam o resultado exato sobre a socioecoeficiência do ciclo de vida de um produto, tornando a decisão mais racional e menos emocional sobre o uso das sacolas.

Seja qual for o produto consumido, o cidadão deve utilizá-lo de forma consciente, evitando a escassez ou o esgotamento de recursos naturais e matérias-primas. O uso adequado da ciência pode gerar uma sociedade justa, que visa o desenvolvimento sustentável em sua plenitude, baseado em estudos e uma relação ganha-ganha.
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Emiliano Graziano é gerente de socioecoeficiência da Fundação Espaço ECO, apresenta aqui sua posição sobre a polêmica em torno da proibição de distribuição de sacolas plásticas em supermercados
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Fonte: Opinião (UOL).

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