Imagem: Divulgação.
Tendências da cadeia produtiva mundial
Em palestra no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), o atual assessor da Presidência do BNDES, professor David Kupfer, traçou um cenário a partir das três tendências que movimentam hoje a cadeia produtiva da indústria mundial.
O objetivo é inserir o Brasil nessa cadeia produtiva. A primeira das tendências identificadas por Kupfer é a uniformização da demanda.
Ainda que resguardadas as diferenças culturais, consumidores de todo o mundo querem ter acesso ao mesmo tipo e qualidade de bens e serviços. Segundo o economista, foi-se o tempo em que fabricar produtos inferiores e mais baratos era opção para a indústria atender a mercados em desenvolvimento.
Outro marco é a nova integração produtiva internacional.
Os países agora dividem posições na produção de componentes e desenvolvem assim uma "especialização vertical", acumulando capacitação em famílias de produtos ou em determinados processos produtivos, como vem acontecendo nas nações asiáticas.
Já a América Latina, Brasil inclusive, disse o professor, está na fase de integração comercial, buscando estruturar mercados que permitam aumentar a escala de produção e reduzir custos - uma expressão em economês que permite várias interpretações e avaliações bastante contundentes.
Não se pode esquecer que, a partir dos anos 1990, o Brasil abriu inteiramente seus mercados sem contrapartida e sem uma política cambial adequada, o que levou à desindustrialização e à transformação do país em um importador geral de bens, de vassouras a computadores.
A terceira tendência da cadeia produtiva mundial está no maior peso das etapas de pré e pós-produção.
Isto significa que atividades intangíveis intensivas em conhecimento, como projeto, pesquisa e desenvolvimento, logística e marketing, geram mais valor para um produto do que propriamente sua fabricação.
Política industrial
Segundo o professor, dentro desse cenário, para "reformular" sua política industrial o Brasil precisa decidir como se inserir nas cadeias produtivas mundiais.
"Reformular" uma política industrial cuja própria existência é questionável: nos últimos 20 anos, a escolha foi clara em direção ao agronegócio e à indústria extrativa mineral, que poderiam ter sido fomentados, mas sem o desmantelamento da indústria nacional.
No âmbito interno, o Brasil precisa optar entre especialização ou diversificação da produção - Kupfer defende esta última opção, segundo ele devido às vantagens em possibilitar o surgimento de novas capacidades e ter maior potencial de proteger o país dos vales dos ciclos econômicos.
Para o economista, o Brasil precisa criar respaldo institucional para tomar decisões, identificar setores prioritários para receberem fomento público à inovação e apostar no potencial de instituições-âncora para induzir esse processo.
Em resumo, o que se depreende é que o Brasil precisa descobrir o que produzir, produzir em larga escala para reduzir os custos e criar os mercados; mas falta "respaldo institucional" para fazer tudo isso - outra expressão que permite múltiplas interpretações.
Fonte: Inovação Tecnológica.
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