sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Crise climática: por que agir agora (Climate crisis: why WE MUST act now)!

Texto by Bill McKibben, New York Review of Books

geleira pine island 400 Crise climática: por que agir agora
Geleira de Pine Island, próxima ao Mar de Amundsen. Seu derretimento acelerou-se abruptamente nos últimos anos. Estima-se que provocará, caso se consume, aumento de 1 a 2 metros no nível dos oceanos, e que desestabilize toda a Camada de Gelo da Antártida Ocidental (Pine Island Glacier, near the Amundsen Sea. Its melting has accelerated sharply in recent years. It was estimated that provoke, increase 1-2 meters on the sea level, and destabilize the entire Antarctic Ice Sheet West)!


Podemos estar chegando ao final do jogo da mudança climática. As peças, tecnológicas e talvez políticas, finalmente estão posicionadas para uma ação rápida e poderosa capaz de nos libertar dos combustíveis fósseis. Infelizmente, os jogadores também podem optar por simplesmente mover os peões para frente e para trás durante algumas décadas, o que seria fatal. Mais triste ainda é constatar que a natureza está nos avisando todos os dias de que o tempo está se esgotando. Todo o jogo está praticamente em xeque.

Vamos começar na Antártida, o continente com a menor densidade demográfica e praticamente intocado pelos humanos. Em seu livro sobre a região, Gabrielle Walker descreve muito bem as atividades recentes na vasta placa de gelo, desde as constantes descobertas de novas formas de vida marinha até a busca frenética de meteoritos, que são relativamente fáceis de achar na brancura do gelo. Se você é um daqueles curiosos sobre como é sentir um inverno de 70 graus negativos, a história te dará uma ideia. Gabrielle cita Sarah Krall, que trabalhou no centro de controle aéreo do continente, coordenando voos e servindo como “a voz da Antártida”. Desde seu primeiro encontro com a paisagem, Krall diz que ficou apaixonada:

"Não conseguia conter a minha empolgação… Era tão majestoso, tão belo. Achei que seria sem graça, mas não foi essa a expressão que surgiu em minha mente. A Antártida era simplesmente esplendorosa."

Ao descrever sua caminhada ao redor da borda do Monte Érebo, o vulcão mais ativo do extremo do sul do planeta, Krall acrescentou: “É visceral. Esta terra faz com que eu me sinta pequena. Não diminuída, e sim pequena. Eu gosto disso.”

... A Antártida não é mais imaculada. Os efeitos humanos sobre a atmosfera e o clima podem de fato ser lidos com mais facilidade no Polo Sul do que em qualquer outro lugar da Terra. E os resultados são verdadeiramente horripilantes. Para simplificar, as imensas placas de gelo estão começando a se movimentar a uma velocidade incrível. Ns estreita Península da Antártida, que aponta para a América do Sul, e onde a maioria dos turistas visitam a Antártida, o degelo está ocorrendo tão ou mais rápido do que em qualquer outro lugar do planeta. Foi nesse local que um grande pedaço da plataforma de gelo Larsen B se desprendeu em 2002.

Porém, a península contém quantidades relativamente pequenas de gelo; a maior parte da água doce do mundo está presa nas placas de gelo gigantes da Antártida Oriental e Ocidental. Os cientistas, conservadores por natureza, chegaram à conclusão de que esses depósitos gigantes estiveram relativamente estáveis, pelo menos durante os últimos mil anos: Não é fácil derreter um quilômetro ou dois de gelo, especialmente quando a temperatura do ar raramente, ou nunca, sobe acima do ponto de congelamento. No entanto, como Walker deixa claro ao final de seu relato, os pesquisadores estão cada vez mais preocupados com a estabilidade da Antártida Ocidental especificamente.

Geleiras enormes estão se desprendendo da placa de gelo da Antártida Ocidental para o Mar de Amundsen no Pacífico Sul. Talvez seja a parte mais remota do continente mais remoto e, para piorar as coisas, a parte mais interessante desse continente está embaixo d’água. Por isso, os cientistas estão enviando robôs subaquáticos autônomos, os autonomous subs, para estudar a geologia e estão usando satélites para estudar as mudanças na altura do gelo. O trabalho não estava concluído quando Walker convocou a imprensa para o lançamento de seu livro, mas seu relato fornece toda a base de que você precisa para entender o que pode ter sido o anúncio mais triste já feito na era do aquecimento global.

Em meados de maio deste ano, dois documentos foram publicados na Science e na Geophysical Research Letters, deixando claro que as grandes geleiras voltadas para o Mar de Amundsen não estavam mais efetivamente “sustentadas”. Descobriu-se que a geologia da região tem forma de tigela: abaixo das geleiras, o terreno inclina para dentro, ou seja, a água pode e está invadindo a área abaixo delas. A água está literalmente comendo a partir de baixo e liberando as geleiras dos pontos onde estavam presas ao solo. Essa água é mais quente, pois nossos oceanos estão aquecendo continuamente. De acordo com os cientistas, esse colapso em câmera lenta, que ocorrerá durante várias décadas, é “irreversível” agora; já “passou do ponto sem volta”.

Isso significa que três metros de elevação do nível do mar estão sendo acrescentados às previsões anteriores. Não sabemos quando isso ocorrerá e com que rapidez, apenas sabemos que isso ocorrerá. E não será só isso. Poucos dias após o anúncio sobre a Antártida, outros cientistas descobriram que a maioria das placas de gelo da Groenlândia apresentam uma geologia subjacente parecida, com a possibilidade de derretimento pela água aquecida. Outro estudo publicado naquela semana mostrou que a fuligem de enormes incêndios florestais, mais frequentes como resultado do aquecimento global, está ajudando a derreter a placa de gelo da Groenlândia, um ciclo incrivelmente vicioso...

Este texto é uma resenha de três obras:
Antarctica: An Intimate Portrait of a Mysterious Continent
[Antártida: Retrato Íntimo de um Continente Misterioso]
De Gabrielle Walker. Houghton Mifflin Harcourt, 388 páginas
What We Know: The Reality, Risks and Response to Climate Change
[O que Sabemos: Realidade, Riscos e Resposta à Mudança Climática]
Um relatório do Painel de Ciência Climática da Sociedade Norte-americana para o Progresso da Ciência], 28 páginas, Março de 2014
Climate Change Impacts in the United States: The Third National Climate Assessment
[Os Impactos da Mudança Climática nos Estados Unidos: Terceira Avaliação Climática Nacional Um relatório do Programa de Pesquisas Globais dos EUA, 829 páginas, Maio de 2014.

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FONTE: Outras Palavras e New York Review of Books.

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