quarta-feira, 23 de abril de 2014

De tendência para comportamento, a moda sustentável alça voo

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A marca inglesa People Tree é a queridinha entre celebridades e pioneira no comércio justo - um exemplo de empresa de moda verde / Fotos: Divulgação
Enfim, a moda sustentável alçou vôo no século 21 e passou de uma simples tendência para um comportamento. Deixando o básico de lado para buscar destaque em vitrines e passarelas de todo o mundo, a moda responsável encontrou espaço entre os estilistas e hoje é um rentável ponto de encontro entre as grandes marcas e a elegante consciência verde.
"Indústria" da moda sustentável
Indo além dos tecidos “inteligentes” (menos agressivos ao meio ambiente), promovendo o comércio justo e com responsabilidade social atrelada à produção, a moda sustentável abraçou o ideal de equilíbrio entre natureza, economia e sociedade para alcançar o novo consumidor, mais exigente e preocupado com as pegadas que deixa sobre o planeta.
Incorporando às criações de vestuário valores como consumo consciente e personalidade, a moda engajada ganhou poderosos defensores em todo o mundo, que vão desde as cooperativas de moda artesanal ao mais alto público da moda de luxo. A editora da revista Vogue, Anna Wintor, uma das primeiras a citar em um editorial o tema moda atrelado à ecologia, deixou o recado: “fashion não é sobre olhar para trás, é sobre olhar para frente”.
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A fusão entre uma grande marca e uma estilista preocupada com a sua pegada ecológica só poderia resultar em um produto viável, rentável e responsável - este foi o caso da parceria entre Stella McCartney e a gigante Adidas
E foi percebendo que o "verde é o novo pretinho básico" que produtores e consumidores transformaram o conceito em sinônimo de glamour, originalidade e responsabilidade, e deram início a criação de uma nova cadeia de produção de moda, voltada, justamente, para o olhar “a frente”.
Entre os nomes que têm despontado na nova vertente da indústria fashion, um dos mais influentes é o da estilista inglesa Stella McCartney. Com suas roupas sofisticadas - objetos de desejo de mulheres em todo o mundo – a filha do músico Paul McCartney é prova de que é possível unir elegância, responsabilidade e rentabilidade em uma mesma peça.
Entre as suas positivas transformações na moda mundial, Stella apresentou coleções luxuosas sem o uso de couro de vaca e peles de animais, criou uma linha exclusiva para a Adidas produzida com tecidos de PET reciclado e algodão orgânico, e desenvolveu uma linha de lingerie feita somente com a fibra natural. E mesmo com as suas lojas abastecidas por energia eólica e utilizando sacolas de papel reciclado ou feitas de milho biodegradável para entregas, o novo símbolo do movimento eco fashion assume não ser totalmente sustentável e defende que “alguma coisa é melhor do que nada”. “Nós temos que pensar e agir responsavelmente”, afirma Stella.
Uma questão de consciência, mas também de estilo
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A bolsa de algodão da designer Anya Hindmarch que trazia a frase 'I'm not a plastic bag' ('Eu não sou de plástico') causou frisson no mundo da moda e virou sinônimo de consciência e estilo em todo o mundo
Quem adota uma postura semelhante é a estilista Vivienne Westwood. Famosa por vestir ícones da moda, como a personagem Carrie Bradshaw, no filme Sex and the City, Vivienne desenvolveu um manifesto em prol do consumo com qualidade e não com quantidade. “Temos que comprar menos e escolher melhor”, defende.
“A moda vai e vem muito rápido. Gostaria de não ter que produzir tantas coleções. Gostaria de fazer menos e cada vez melhor”, completa a estilista, apoiada por antigos “conselhos” da lendária Coco Chanel, que não se conformava com as mulheres que dispensavam um guarda-roupa inteiro a cada estação. “A atitude denota muito dinheiro, mas pouco estilo”, dizia Chanel.
E mais indícios de que a moda sustentável veio para ficar surgem a todo o momento. Grandes grifes como Armani e Levis já se renderam à causa e lançaram linhas especiais de roupas com algodão orgânico. A gigante Cartier, que lidera um programa mundial de certificação na exploração de pedras preciosas, e a “bonequinha” da moda Tiffany & Co, que abriu mão dos corais naturais na fabricação das suas joias, também são exemplos de que o conceito já faz parte do comportamento da moda mundial.
Estilistas brasileiros na vanguarda
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Sapatos, acessórios, vestidos e peças intímas: tudo ganhou sua respectiva versão "sustentável" para chegar ao público "sustentável"
Aqui no Brasil, o pioneirismo fica por dos estilistas, que trabalham defendendo conceitos como a reutilização de tecidos, a redução de resíduos e a reciclagem do que parecia perdido para o mundo fashion. Nomes como Geová Rorigues, Priscila Gomide e Carollina França caminham a passos largos na representatividade brasileira dentro do cenário dos estilistas susntentáveis.
Entre as grifes nacionais, pequenas marcas, que utilizam materiais alternativos menos agressivos e valorizam as pequenas comunidades que participam da cadeia produtiva, também ganharam força e hoje se transformaram em grandes nomes do mercado da moda, sempre ligados aos conceitos sustentáveis.
É o caso da grife brasileira Osklen, que utiliza mais de 20 tipos de materiais de origem reciclada, orgânica, natural e artesanal em suas roupas, como fibras de PET, bambu e cânhamo. A empresa ainda trabalha com produtos de comunidades e cooperativas, ajudando no desenvolvimento sócio-econômico dos grupos envolvidos ao longo da cadeia de produção, como a juta de Castanhal, no Pará, que produz os acessórios da coleção da grife.
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Em destaque, o tecido de paetês da Osklen, feito com látex sustentável, extraído responsavelmente e em parceria com comunidades de borracheiros
Outra marca bem sucedida é a Éden Organic Style. Localizada no bairro de Vila Madalena, a marca paulista possui fornecedores próprios de algodão orgânico, todos certificados pelo Instituto Biodinâmico (IBD), e utiliza produtos químicos alternativos, como açúcar invertido e corantes naturais, para garantir que a textura, lavagem e cores das peças (inclusive de calças jeans) fiquem bonitas de maneira responsável.
Desafios
O mercado em crescimento, porém, não esconde as dificuldades encontradas por quem quer produzir ou comprar esses produtos. Para a fundadora do Instituto Ecotece, Ana Cândida Zanesco, o problema para quem fabrica é se adequar a uma nova lógica de produção, diferente da que já está operando há décadas.
“Pesquisa, consultoria e adequação nas produções requerem investimento e isso pode inicialmente impactar o financeiro da empresa”, afirma. Já para os consumidores, a maior dificuldade é encontrar esse tipo de produto. “Ainda é pequeno o mercado de roupas sustentáveis”, afirma a designer de moda e adepta à moda sustentável, Micheli Hoffmann.
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