terça-feira, 6 de maio de 2014

Biofábrica da Embrapa reproduz seda de aranha usando bactérias

Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/04/2014

Biofábrica da Embrapa reproduz seda de aranha usando bactérias transgênicas
A intenção dos cientistas da Embrapa é estruturar uma plataforma tecnológica que possa ser utilizada para fabricação também de produtos farmacêuticos.[Imagem: Embrapa/Divulgação]
Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma forma de produzir fibras com as mesmas características das teias de aranha, mas sem precisar construir "granjas de aranhas".A técnica de fabricação da seda biossintética permite a produção do material em escala industrial, sem retirar as aranhas da fauna.Na realidade, em vez de usar aranhas, a seda biossintética usa bactérias modificadas geneticamente para produzir as proteínas que compõem as teias."Nós desenvolvemos uma tecnologia onde fizemos o genoma de várias aranhas, coletadas nos biomas brasileiros, e dominamos a parte de produzir essas moléculas no laboratório com bactérias transgênicas," explicou Elíbio Rech, coordenador do trabalho.A versão sintética da seda das aranhas poderá ter inúmeras aplicações, mas o caminho para o mercado deverá começar pelos materiais médicos, como fios para microssuturas.
Biofábricas
O avanço foi possível graças ao desenvolvimento do conceito de biofábricas.A intenção dos cientistas da Embrapa é estruturar uma plataforma tecnológica que possa ser utilizada para fabricação também de produtos farmacêuticos.De acordo com o professor Elíbio Rech, a ideia é usar plantas já domesticadas, a exemplo da soja, como biorreatores para produzir moléculas para os setores farmacêutico e industrial.Os pesquisadores já conseguiram reproduzir em larga escala, dentro do grão de soja e na folha de tabaco, proteínas que podem ser utilizadas para criar antígenos contra o câncer, antiviral do HIV, hormônio do crescimento e o fator de coagulação IX, para tratar pessoas com hemofilia.Essas sementes estão atualmente em poder de indústrias farmacêuticas, que estão estudando a viabilidade de sua extração do grão e das folhas.A escolha da soja, de acordo com Rech, foi devido à capacidade d estocagem e à durabilidade das sementes, que podem manter as moléculas ativas por até cinco anos. Já o tabaco é uma planta na qual é possível produzir as proteínas de forma mais rápida do que em outros sistemas."Nossos resultados indicam que a semente de soja consegue acumular a molécula cianovirina - que atua na replicação do HIV - em alto nível. Por outro lado, conseguimos acumular o antígeno contra câncer em alta quantidade nas folhas de tabaco", conta.

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