oxfam10companhias Emissão de grandes empresas alimentícias ultrapassa a de vários países
Oxfam aponta que as dez maiores companhias de alimentos do mundo, entre elas Nestlé, Pepsico, Unilever e Coca-Cola, emitem juntas anualmente 29,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono de suas operações diretas.
Se as dez maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo fossem um país, elas seriam a 25ª nação em termos de produção de emissões de gases do efeito estufa (GEE's), gerando uma quantidade maior do que todos os países da Escandinávia juntos. Se esse dado já é preocupante, outras informações apresentadas pela Oxfam sobre o impacto climático das maiores companhias alimentícias do planeta também não são nada reconfortantes.
O novo relatório da ONG “Standing on the sidelines” mostra que somente as emissões anuais das operações diretas dessas empresas ― Associated British Foods (ABF), Coca-Cola, Danone, General Mills, Kelloggs, Mars, Mondelēz International, Nestlé, PepsiCo e Unilever – são da ordem de 29,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e).
Ainda de acordo com o documento, se forem considerados os impactos indiretos dessas companhias, como os números da cadeia de suprimentos e do uso final dos produtos, as emissões alcançam a marca de 233,9 milhões de CO2e.
A maior parte desse impacto, cerca de 114,1 milhões de toneladas, vem da produção das matérias-primas agrícolas. Isso inclui tanto as emissões causadas pela produção em si, como as emissões do uso de fertilizantes e da pecuária, quanto da expansão das plantações sobre florestas. Para se ter ideia, esse impacto é tão grande quanto as emissões de carbono de 40 usinas a carvão em um ano.
Por isso, a Oxfam pede que as empresas tenham um papel mais ativo no combate às mudanças climáticas e suas emissões. O relatório afirma que todas as dez companhias reconhecem que precisam reduzir suas emissões agrícolas, e sete delas de fato medem e reportam esses gases.
Contudo, o que o estudo aponta é que as metas estabelecidas pelas empresas não têm base científica, se fundamentando apenas no que elas acreditam ser viável, em vez daquilo que é necessário ou justificável. Além disso, a maioria não torna públicos os dados de emissões de seus fornecedores, e nenhuma tem uma meta para reduzir essas emissões ou exige que eles façam isso.
As empresas também não têm apresentado uma posição pública muito firme sobre o debate climático, diz o relatório. Com algumas poucas exceções, como Unilever, Nestlé, Coca-Cola e Mars, a maioria não fala sobre a necessidade de os governos e outras empresas agirem. Apenas duas delas, a Mars e a Unilever, assinaram o Trillion Tonne Communiqué, um comunicado recente de empresas que levam as mudanças climáticas a sério.
Fonte: Agência Envolverde (21/05/14).