sábado, 17 de maio de 2014


por Carlos Delpuppo article-image

ENERGIA SOLAR x GÁS DE XISTO - uma importante reflexão





O setor de energia fotovoltaica, que ainda está engatinhando no Brasil e esbarra em entraves simples como a falta de uma regulamentação apropriada, desconhecimento da tecnologia por potenciais clientes e agentes financeiros locais, entre outros, tem pela frente desafios adicionais em consequências de duas grandes transformações que estão sacudindo o mercado de energia de todo o mundo: a alta competitividade do gás de xisto e o prolongamento da crise econômica na Europa.

Ambos trazem desafios, mas também oportunidades interessantes para a produção de energia a partir da luz do sol. Contudo, para enfrentar essas questões é preciso, sobretudo, vontade política.
Um dos países com maior irradiação solar do mundo, o Brasil não tem aproveitado essa característica natural favorável de maneira eficiente e tão pouco tem se planejado para explorar essa vantagem competitiva. A geração de energia solar se resume a 3,5 MW (dados de dezembro 2012), o que, porcentualmente, representa próximo de 0% da nossa matriz.
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O Plano Decenal de Expansão de Energia 2012-2021, desenvolvido pela Empresa de Planejamento Energético (EPE), praticamente não considera essa fonte renovável de energia. A explicação é que o plano somente considera tecnologias em uso comercial e já estabelecidas no País. Assim foi com a energia eólica, quando a mesma não constava nos prognósticos e hoje ocupa espaço importante e cada vez mais competitivo na matriz nacional.

Esse método, se por um lado busca ser conservador nos prognósticos, por outro peca por não proporcionar aos tomadores de decisão uma visão clara que possibilite o desenvolvimento de políticas visando a atração das indústrias por trás dessa tecnologia para o País, como ocorreu com a energia eólica.

A energia solar no território brasileiro tem elevado potencial para sua conversão em energia elétrica, com irradiação global média anual entre 1.200 e 2.400 kWh/m²/ano, significativamente superior à media dos países europeus. Para efeito de comparação, nos países da Europa que mais exploram esta fonte, como Alemanha e Espanha, os valores variam, respectivamente, nas faixas 900-1.250 e 1.200-1.850 kWh/m²/ano.

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Com a crise econômica que vem castigando a Europa, o maior mercado de energia solar do mundo, empresas fornecedoras de equipamentos para geração fotovoltaica passaram a procurar novos mercados para investir. Desde cedo a China incentivou a criação de indústrias fotovoltaicas atraídas por sua condição favorável na redução de custos de produção e também por incentivar a criação de um mercado fotovoltaico naquele país, passando a ocupar o posto de maior fabricante desses equipamentos.

Com grande potencial de irradiação solar, o Brasil desponta como uma possibilidade de atração dessa indústria. Todavia, impasses, devido principalmente à falta de incentivos apropriados, podem fazer o País perder a hora certa de agir, principalmente nesse momento onde as indústrias buscam novos mercados na falta de seu mercado tradicional, qual seja, a Europa.

É necessário melhorar o marco regulatório e o cenário jurídico para permitir a inserção de fato da energia fotovoltaica na matriz brasileira. A resolução 482, publicada em abril de 2012 pela Aneel, da forma como está, ainda não foi suficiente para fortalecer o setor de maneira apropriada.

Para saber mais: Energia solar Vs gás de xisto: uma questão de vontade política, 24 jun. 2013. Disponível em: <http://revistasustentabilidade.com.br/energia-solar-vs-gas-de-xisto-uma-questao-de-vontade-politica/>. Acesso em: 17 mai. 2014. 

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